Museu Virtual

Breve Historial

Introdução

A Fundação Raquel e Martin Sain é uma Instituição Particular de Solidariedade Social criada em 21 de Janeiro de 1959 pela Senhora Raquel Sain e Senhor Martin Sain, tendo sido instituída ao abrigo do Dect.º – Lei 42117.

Fotografia da Madame Raquel Sain

Madame Raquel Sain

Os seus estatutos originais previam “a realização de uma obra de educação e ocupação dos cegos, com o fim especial de lhes assegurar possibilidade de trabalho remunerado.” Todavia, a instituição poderia “prosseguir quaisquer outros fins desinteressados, de natureza caritativa, educativa, cultural ou científica, relacionados com a situação dos cegos em Portugal, se os administradores assim o decidirem.”

Fotografia do Sr. Martin Sain

Martin Sain

O aparecimento da Fundação – 1º Centro de Reabilitação de Cegos Adultos na Europa – traduz o primeiro grande salto qualitativo na vida dos deficientes visuais adultos, permitindo-lhes sobrevir no horizonte a possibilidade de uma integração social e profissional.

No início da sua atividade, a Fundação desenvolveu inicialmente um plano de acção da responsabilidade do oftalmologista Senhor Dr. Henrique Moutinho e do psicólogo e grande pedagogo Senhor Dr. João dos Santos.

Em 1960, após negociações com a American Foundation for Overseas Bilnd e com o apoio do Governo Português, vem a Portugal o mestre de Reabilitação, Senhor Albert Asenjo, que aqui permaneceu ao longo de 16 meses, para formar a 1ª equipa da de técnicos de Reabilitação de Cegos Adultos.

Fotografia do Sr. Albert Asenjo

Albert Asenjo, representante da AFOB

A essa equipa foram dados conhecimentos que lhes permitiu Reabilitar deficientes visuais adultos e formar pessoal técnico em Reabilitação Sensorial.

A Fundação Sain tinha então por fim a realização de uma obra de educação e ocupação dos cegos, com objetivo especial de lhes assegurar possibilidades de trabalho remunerado, concretizando este objetivo através da criação e manutenção de centros de reabilitação sensorial e formação profissional.

Não menos importante para uma boa prestação deste Centro, foram os contributos de várias personalidades importantes e destacadas da sociedade, como a escritora e fundadora da revista “Os Nossos Filhos”, Maria Lúcia Namorado, da Dr.ª Maria João Vasconcelos, bem como o psicólogo António Martinho do Rosário, conhecido no meio artístico e literário como Bernardo Santareno, ou a Assistente Social, Fernanda Lapa, que se manteve na Instituição até inícios da década de 70.

A Instituição ficou sediada inicialmente na Rua Vale do Pereiro, e posteriormente na Avenida D. Carlos I, estabelecendo-se em definitivo na Rua João Saraiva, n.º 11, em Lisboa, edifício que adquiriu e ocupa na totalidade deste 1961.

A Fundação possui ainda um terreno com cerca de 4.000m2 numa zona em Chelas com o objetivo de estabelecer um Edifício Sede.

No início da sua atividade, recebeu cegos congénitos sem qualquer escolaridade ou formação profissional.

Para cumprimento dos seus objetivos a Fundação dispunhas de vários sectores: serviço social, psicologia, saúde (médico e enfermeira) e áreas técnicas específicas de reabilitação.

O trabalho era desenvolvido ao longo de um estágio, em regime de internato ou semi-internato e com a duração média de 3 a 5 meses. Para tal, a Instituição dispunha e continua a dispor de um Lar de Apoio.

O Processo de Reabilitação

O processo de reabilitação total compreendia a reabilitação funcional, formação profissional e a interação sócio cultural.

Em termos de áreas funcionais, a Fundação dispunha de

  • Centro de Reabilitação
  • Oficina de Formação Profissional
  • Centro de Trabalho
  • Serviço de Colocação

CENTRO DE REABILITAÇÃO

O Centro de Reabilitação da Fundação Sain funcionou em regime de internato, inteiramente gratuito. Os estagiários tinham gratuitamente não só o alojamento como as refeições e a própria aprendizagem que eram ministradas por uma equipa de técnicos especializada.

Este Centro sendo 1º Centro da Europa Ocidental, seguiu as técnicas da escola americana. A equipa era constituída por uma Coordenadora, técnicos especializados em Orientação e Locomoção, Braille, Dactilografia e escrita à mão, atividades da vida diária, Terapia Ocupacional, Trabalhos Oficinais, Saúde Pública, Psicologia, Integração Social e de Colocação.

Todos os elementos da equipa ao instruírem os cegos com os conhecimentos teóricos e práticos, procediam a avaliações finais sendo o estagiário encaminhado para as Oficinas de Formação Profissional, para escolas especializadas, ou para a escola normal a fim de terminarem os estudos.

OFICINA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Esta oficina recebia invisuais já reabilitados e proporcionavam aos estagiários variadas tarefas manuais e mecânicas, em trabalhos individuais e em cadeia, o que lhes permitia, após o período de treino, ocupar os mais diversificados postos de trabalho na indústria.

O Centro de trabalho funcionava em regime de subcontratos, dependendo assim da colaboração das empresas para que trabalhava. A admissão no Centro de trabalho era condicionada pelo número de vagas existentes e pela situação familiar e económica do operário cego. Aqui vivem em regime externo deixando assim o internato, mas recebiam um subsídio ao equivalente a 25 euros facilitando a subsistência enquanto emprego na indústria.

SERVIÇO DE COLOCAÇÃO

O serviço de colocação da Fundação colocava pessoas cegas que estagiaram no respetivo Centro de Reabilitação. O técnico colocador visitava a grande maioria das empresas existentes de Norte a Sul do país e ilhas, numa procura constante e minuciosa de postos de trabalho que pudessem ser ocupados eficientemente por trabalhadores invisuais. Viram colocados como empregados de escritório, embaladores, operadores de máquinas, telefonistas, rececionistas, chefes de serviço do ramo comercial, massagistas, professores de ensino secundário, advogados……

Este serviço de Colocação foi extinto na década de 80, tendo empregado até a essa altura mais de 500 deficientes visuais.

Nos finais de 80 até aos dias de hoje a Fundação Sain passou a dedicar-se à formação profissional de deficientes visuais nas áreas de carpintaria, metalomecânica e música (áreas atualmente extintas), Telefones, Estágio em Contexto Real de Trabalho, Tecnologias de Informação e Comunicação, Têxteis e Tecelão de Tapeçaria. Praticamente em todos os cursos estão incluídas disciplinas como informática, Inglês, Português, Braille, Direito do Trabalho, Formação Cívica, Técnicas de Procura de Emprego e Técnicas de Arquivo.

Veja abaixo a nossa Galeria de Fotos Históricas

Fotos Antigas MuseuFotos Antigas Museu

.

.

.

.

.

.

.

.


Comemorações do Cinquentenário da Fundação Sain


Para assinalar os 65 anos da nossa organização, publicámos as imagens e a transcrição de um artigo do Jornal “A Província”, datado de 19 de fevereiro de 1959 (Ano IV, n.º 204), comunicando a tomada de posse do Conselho Administrativo da Fundação e contextualizando a sua existência.

Digitalização da capa do jornal A Província, referido no artigo. Poderá consultar a respetiva transcrição no link mais abaixo.Digitalização da página 5 do jornal A Província, referido no artigo. Poderá consultar a transcrição na integra do artigo no link mais abaixo.

Poderá ler a transcrição na íntegra deste artigo consultando este link.