A Comemoração dos 50 anos de existência da Fundação Raquel e Martin Sain foi assinalada, em 2009, com duas ações distintas: um Buffet Comemorativo, com animação musical, organizado no dia 21 de Janeiro, e uma Conferência Comemorativa, levada a cabo no dia 21 de Novembro de 2009, organizada por iniciativa de um grupo de Ex-estagiários da Fundação.
A iniciativa do dia 21 de Janeiro contou com a presença no Exmo. Sr. Aristides Sain, filho do senhor Martin Sain, fundador da Instituição, para além de outros descendentes da família Sain. Foram convidadas também outras Instituições parceiras e os utentes da Fundação.
No dia 21 de Novembro de 2009, na Biblioteca Municipal Museu República e Resistência, em Lisboa, foi organizado pela Comissão de Ex-Estagiários (José Luís Soares, Helena Baldaia e Fernanda Gomes) e pelo Gabinete de Referência Cultural – Pólo Interativo de Recursos Especiais da Direção Municipal de Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, a “CONFERÊNCIA COMEMORATIVA DO 50º ANIVERSÁRIO DA FUNDAÇÃO RAQUEL E MARTIN SAIN”.
Com este evento, em que se apresentaram e debateram os temas “Memória com História” e “Reabilitação, Formação, Emprego e Qualidade de Vida”, com uma exposição fotográfica e de materiais alusivos, em simultâneo, pretendia-se atingir os seguintes objetivos:
-
Historiar o percurso e ação da Fundação, destacando o papel de referência que desempenhou na habilitação/reabilitação das pessoas cegas adultas em Portugal;
-
Destacar, através do percurso reabilitativo de ex-estagiários, a importância fundamental do processo de reabilitação na vida das pessoas com deficiência visual, contribuindo para uma melhoria do estado da reabilitação em Portugal;
-
Refletir sobre as diversas vertentes da reabilitação das pessoas cegas (designadamente independência e autonomia pessoal, reabilitação psicológica, inserção/inclusão profissional), contribuindo, na medida do possível, para o aparecimento de novas propostas que fomentem a integração social das pessoas com deficiência visual em Portugal;
-
Alertar os responsáveis políticos para a necessidade de aumentar a capacidade de resposta das instituições que em Portugal exercem a sua ação na área da reabilitação das pessoas cegas;
-
Proporcionar um ponto de encontro e um momento de convívio entre os ex-estagiários da Fundação Sain, prestando uma reconhecida Homenagem Pública à instituição que contribuiu decisivamente para a sua integração social.
Recomendações resultantes da Conferência
Deste evento resultaram as seguintes resoluções/recomendações:
-
Deverão todos os que se identificam com o projeto da Fundação Raquel e Martin Sain desenvolver esforços no sentido da mesma ser mais conhecida pela população em geral e pelas pessoas cegas e com baixa visão em particular.
-
Deverá constituir-se um Grupo de Trabalho, que investigue e escreva a História da Fundação Raquel e Martin Sain, e um Espaço Museológico (com fotografias, materiais e exemplares de outras especificidades alusivas), onde essa História se possa conhecer e fomentar o interesse pela continuação do seu aprofundamento, abrangendo todos os domínios da tiflologia.
-
Deverão as autoridades governamentais, ligadas à reabilitação, formação profissional e emprego das pessoas deficientes visuais, prestar mais atenção e reconhecimento às Instituições da sociedade civil, que, na sua ação, prosseguem esses objetivos.
-
Deverá o Ministério do Trabalho e Segurança Social aumentar os apoios financeiros às atividades da Fundação Sain, dado serem de reconhecida utilidade na formação, emprego e ocupação dos deficientes visuais e inverter a curva descendente desses apoios na última década.
-
Apelar ao Governo, em especial à tutela do emprego, o desenho e implementação de um quadro legal, que facilite a empregabilidade das pessoas deficientes visuais.
-
Propugnar para que as Instituições promovam ações inovadoras de Formação Profissional e não se restrinjam, de forma acomodada, apenas às já existentes.
-
Responsabilizar as Instituições que formam profissionalmente as pessoas deficientes visuais, para exercerem pressão fundamentada sobre os organismos públicos e privados, as organizações e empresas, no sentido de lhes proporcionarem emprego efetivo.
-
Deverão as próprias Instituições, que realizam atividades de formação profissional, procurar constituir empresas próprias com o objetivo, entre outros, de proporcionar emprego aos deficientes visuais que formam.
-
Deverá fazer-se uma campanha de sensibilização junto dos oftalmologistas e médicos de família sobre a necessidade de encaminhamento das pessoas deficientes visuais para os serviços de reabilitação e sobre as capacidades, potencialidades e competências das pessoas com deficiência visual.
-
Deverá a família dos reabilitandos ser envolvida no processo de reabilitação, porque também ela desempenha um papel decisivo no êxito desse processo.
-
Deverão as entidades oficiais promover programas que fomentem atividades de ocupação destinadas às pessoas com mais de 55 anos, que já têm dificuldade em se empregarem, mas que devem manter-se ativas, sendo úteis a si mesmas e à sociedade.
-
Deverá a Fundação Sain promover e manter parcerias com instituições produtoras de conhecimento, interessadas em desenvolver tecnologias adaptativas e soluções de outros domínios, que favoreçam a inclusão das pessoas deficientes visuais.
-
Deverão criar-se e implementar-se programas para o financiamento da investigação e desenvolvimento de tecnologias adaptativas, destinadas a facilitar e a promover a inclusão social das pessoas deficientes visuais.
-
Deverão as instituições responsáveis envidar a articulação de todos os esforços para levarem soluções às pessoas deficientes visuais, que estão em casa, por vezes numa solidão terrível e inadmissível sob o ponto de vista humano, sem respostas nem resoluções para os seus problemas e graves carências.
-
Deverão as entidades relacionadas com a reabilitação formar mais Técnicos de locomoção (mobilidade e orientação), dado serem manifestamente insuficientes os que existem para corresponder às crescentes necessidades neste domínio.
-
Deverão as instituições de e para deficientes visuais colaborar entre si, no sentido da criação e implementação do Centro Vocacional para Deficientes Visuais e consequente encaminhamento dos mesmos para o desempenho de funções nas áreas de emprego adequadas, nos organismos públicos e privados, organizações e empresas.