Título do artigo: Fundação Sain
(transcrição na íntegra)
Em cerimónia que se revestiu da maior singeleza, realizou-se na residência da sr.ª D. Raquel Sain e do sr. Martin Sain a posse do Conselho Administrativo da Fundação por eles criada com a dotação de meio milhão de dólares.
Esta dádiva magnífica, sequência de muitas outras, menos vultosas mas de igual significado, com que a família Sain tem auxiliado hospitais e casas de assistência, destina-se a proteger e reeducar os cegos portugueses.
A Fundação não será apenas um abrigo mas uma obra social extraordinária, pois ela procurará tornar os cegos em seres úteis a si mesmos e, válidos perante a sociedade em que vivem, oferecendo-lhes uma existência menos dolorosa. Imagina e estruturada por Martin Sain a Fundação contribuirá para a elevação do nível espiritual, moral e económico dos cegos pela sua recuperação, possibilitando-lhes uma actividade profissional que, antes, dificilmente poderiam exercer.
Não menos importante será a sua acção no campo dos estudos da cegueira, pois a Fundação estabelecerá relações com organismos congéneres estrangeiros e com professores e técnicos que a esses estudos se dediquem. A Fundação é, desde já, um importantíssimo elemento da obra assistencial que se vai desenvolvendo e aperfeiçoando no País e a que a recente criação do Ministério da Saúde deu já aspectos revolucionários.
No acto da posse do Conselho de Administração presidido pelo Ministro da Saúde, o sr. Martin Sain explicou os motivos que o levaram a instituir a Fundação, dizendo:
“Desde a mais tenra idade, considerando a cegueira uma das mais graves e trágicas enfermidade, que afligem a humanidade, sentia uma profunda compaixão ao ver na rua um cego, tendo uma única companhia: a sua bengala. Pensei sempre que os cegos deveriam ser ajudados, reeducados e recuperados para uma vida tanto quanto possível normal, dentro da sua dolorosa enfermidade ”.